terça-feira, 11 de junho de 2013

O Barba Ruiva.



   Perto da lagoa de Paranaguá, no estado do Piauí, morava uma pobre viúva com três filhas. A mais jovem delas teve um filho. Vaidosa e malvada, resolveu abandonar a criança. Colocou o filho dentro de um tacho de cobre e o atirou dentro da lagoa. 
   O tacho desceu ao fundo da lagoa, mas foi logo trazido à tona pela Mãe-d'água. Ela amaldiçoou a moça que chorava, arrependida, e mergulhou furiosa. As águas foram, então, crescendo, até que cobriram todo o vale.
   Dai por diante, a lagoa ficou encantada, cheia de luzes e vozes. Ninguém podia morar nas suas margens, porque, durante a noite, subia do fundo das águas um choro de criança nova, como se chamasse a mãe para amamentar.
   Com o decorrer dos anos, o chorro parou. Mas, de vez em quando, aparece um ser humano que, pela manhã, é um menino, ao meio dia um rapaz, de barbas ruivas, e à noite um velho de barbas brancas.
   Muita gente tem visto esse ser fantástico. Ele foge dos homens quando os avista. Mas corre atrás das mulheres, quando as descobre. Depois, pula dentro da lagoa e desaparece.
   Por isso, nenhuma mulher lava roupa sozinha a beira da lagoa. Tem medo de que apareça o Barba Ruiva. Muitos homens de respeito têm encontrado o filho da Mãe-d'água. E por isso, ficam meio amalucados durante horas e horas.
   Mas o Barba Ruiva não ofende ninguém. Cumpre sua sina nas águas da lagoa, perseguindo as mulheres e fugindo dos homens. Um dia, será quebrado o seu encanto. Bastará que uma mulher atire em sua cabeça algumas gotas de água benta, e as contas de um rosário. Barba Ruiva, que é pagão, ficará cristão.
   Mas, até hoje, não apareceu essa mulher corajosa. Por isso, o Barba Ruiva continua encantado nas águas claras da lagoa de Paranaguá.

Nenhum comentário:

Postar um comentário