quarta-feira, 17 de julho de 2013

O pássaro magico.



   Um tuxaua navegava numa canoa em direção contrária à corrente do rio. De repente, percebeu, com espanto o ruído cada vez mais forte da cascata que tinha ficado muito para trás. Parecia que em lugar de avançar, ele recuava para o abismo. Remou com mais força. Mas, quanto mais remava, mais intenso se tornava o ruído da cachoeira. Apavorado com o que acontecia, implorou a um pássaro que voava sobre sua cabeça:
- Pássaro, empresta-me suas asas, para que eu posso chegar à minha tribo!
   Assim que o índio falou, o pássaro mergulhou nas águas do rio e desapareceu. Imediatamente, o ruído da cascata foi diminuindo, até desaparecer de todo. O tuxaua pôde então, fazer sua canoa deslizar rapidamente sobre o rio.
   Chegando à taba, foi recebido com grande alegria por seus companheiros. Ele saíra de casa havia dois dias e todos já o consideravam perdido. Em regozijo pelo seu regresso, houve à noite, uma grande festa na tribo.
   Durante as danças, chamou a atenção do tuxaua a presença na taba, de um guerreiro desconhecido, que cortejava a sua noiva. Era um índio alto, belo e forte, tendo ao pescoço muitos colares feitos com dentes de animais abatidos e de inimigos mortos na guerra. Seu corpo estava coberto de penas lindas e raras. E, na sua cabeça, viam-se duas asas, que lembravam as do pássaro que havia salvo o tuxaua.
   Ficou este com inveja da beleza do guerreiro desconhecido. Além disso, encheu-se de ciúmes diante das atenções que o jovem dispensava à sua noiva. Sem poder dominar sua revolta, aproximou-se do casal e, numa atitude provocadora, arrancou a noiva da companhia do guerreiro. Este não repeliu o insulto. Então, todos os índios da tribo o expulsaram da festa por ser covarde.
   O guerreiro de asas de pássaro afastou-se em silêncio, mas de cabeça erguida. Ao chegar à beira do rio, atirou-se na água. Julgando que ele quisesse fugir a nado, os índios embarcaram em suas canoas para persegui-lo.
   Nesse momento, o estrondo de uma cascata ecoou no espaço. E um pássaro surgiu no ar, gritando: Tincoã! Tincoã! Então, a noite desceu sobre a terra, os índios foram dominados por um pavor que nunca tinham sentido, e todos foram envolvidos e arrastados pelas águas furiosas do rio.

4 comentários:

  1. Amo estes contos que você publica, muito lindo, belas mensagens são passadas através deles, bom dia e forte abraço.

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    1. Obrigada Cris. Você é a pessoa que mais me da força para postar esses contos. Posto já pensando em você. hehe
      Beijos amiga

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  2. Gostei do seu blog, tem um conteúdo muito bom. continue assim.
    abraços sucesso!

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    1. Obrigada. É gratificante ler comentários assim.
      Abraços e sucesso a você também.

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