domingo, 2 de junho de 2013

O mistério do boto.



   Para os índios da amazônia o Uauiara é deus dos rios e o protetor dos peixes. Ele se apresenta sob a forma de um boto. Quando descobre uma índia jovem e bonita, transforma-se logo num belo rapaz e  procura dela se aproximar.
   Para isso, entoa lindas canções. As índias não resistem ao seu canto maravilhoso e acompanham o boto que as arrasta para o fundo dos rios. Nas noites de luar, os botos se reúnem, à margem dos igarapés para cantarem e dançarem.
   Dizem que uma famosa índia casara-se com um guerreiro desconhecido. Dele tivera um filho. Um dia, notou que seu marido tinha uma cauda de peixe, escondida sob a tanga de penas. Ficou curiosa e perguntou-lhe:
- Por que usa um coisa tão feia? 
- Isto é o que faltava nas pessoas que se afoga, respondeu o índio, irritado. Dizendo essas palavras saiu da palhoça, em que vivia, e nunca mais voltou.
   A índia ficou desesperada. Passava os dias e as noites à beira do rio, chorando e lamentando sua triste sorte. Levava sempre, às costas, o seu pequeno filho.
   Houve um dia em que suas lágrimas foram tão abundantes que encheram o rio e o fizeram transbordar. As águas cresceram, cresceram, e arrastaram consigo a índia e o filho.
   Na manhã seguinte, os índios que pescavam viram, com espanto, um boto empurrando para a margem do rio dois corpos. Era o guerreiro desconhecido, que devolvia à tribo os cadáveres da sua esposa e do seu filho.
   Desde então, os botos adquiriram o costume de empurrar, para as margens dos rios e dos igarapés, os cadáveres das pessoas que morreram afogadas.




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